Este tipo de tumor está localizado na glândula tiróide.

Comportamento

Na tiróide, as células podem degenerar e formar um tumor. A tiróide é responsável pela produção das hormonas tiroidianas, que desempenham um papel importante no metabolismo. Normalmente, os tumores benignos da tiróide são muito pequenos e não causam anormalidades no metabolismo. Quando se pode sentir um caroço na tireóide e/ou notar sintomas de um metabolismo alterado, há uma grande probabilidade de que se trate de um tumor maligno.

O tumor original (primário) terá origem na tiróide e, em 60% dos pacientes, ambos os lobos desta estão envolvidos. Se ambos os lobos forem afetados, as probabilidades de metastização serão maiores. Além disso, quanto maior for o tumor, maiores são as probabilidades de metástases. Até 35-40% têm metástases no diagnóstico e, eventualmente, até 80% destes tumores conduzirão a metástases (para os pulmões e linfonodos próximos).

Prevalência

Estes tumores são mais prevalentes em cães mais velhos, com uma idade média de 9-11 anos.

Predisposição racial

Os tumores da tiróide são encontrados com mais frequência em Beagles, Boxers, Golden retrievers e Huskies Siberianos.

Sintomas

Os sintomas podem consistir num caroço no pescoço (que pode causar respiração rápida, tosse, dificuldade em engolir, mudança no tom com que o animal ladra), mas também uma função da tiróide muito baixa ou muito alta. Quando a função é muito baixa, o cão pode ficar abatido, ter pêlo mais fino e ganhar peso. Quando a função está muito elevada, o cão pode comer muito e ainda perder peso, ficar hiperativo, beber e urinar muito e/ou ter diarreia.

A obtenção de uma amostra de tecido costuma ser complicada, pois há muitos vasos sanguíneos nas proximidades da glândula tireoide e a própria glândula também é bem vascularizada. Um estadiamento padrão é recomendado. Por meio de análises sanguíneas (incluindo a medição da hormona tiroidiana tiroxina), análise urinárias, raios-X dos pulmões e amostras de tecido de linfonodos próximos, o médico veterinário pode ter uma ideia mais clara do comportamento do tumor. E, portanto, como abordá-lo. Valores elevados de tiroxina podem indicar um desvio da função tiroidiana. As análises de sangue e urina mostram como estão outros órgãos, como coração, rins e fígado. Por meio de uma ecografia ou tomografia computadorizada do pescoço, o veterinário pode confirmar se a massa de tecido tem origem na tiróide, a que distância esse tumor se espalha e quão profundo ele é. A cintilografia também pode mostrar se estão metástases presentes, onde estão localizadas e indicar se o tumor pode ser tratado com iodo radioativo.

A escolha terapêutica depende do tamanho do tumor, da sua distribuição noutros tecidos, da presença de metástases e da presença de sintomas que demonstrem um distúrbio da função tiroidiana.

Cirurgia

A cirurgia é recomendada quando o tumor não está aderido aos tecidos circundantes (o que é o caso em 25-50% dos tumores da tiróide) e não há metástases. Os riscos relacionados com a cirurgia são possíveis sangramentos, remoção acidental das glândulas paratiróides próximas (causando um distúrbio no metabolismo do cálcio), danos ao nervo laríngeo e função tiroidiana muito baixa quando ambos os lobos da tiróide têm que ser removidos.

Radioterapia

A radioterapia é frequentemente usada após a cirurgia quando há suspeita de tecido tumoral residual ou quando a cirurgia não é uma boa opção (por exemplo, quando o tumor está difundido no ambiente circundante). Os possíveis efeitos secundários desta consistem em danos na laringe, traqueia e esôfago, embora de forma geral a radiação seja bem tolerada. É possível que após algum tempo (meses a anos após o tratamento) sejam produzidas hormonas tiroidianas insuficientes. Por outro lado, essas hormonas podem ser suplementadas. O tratamento do carcinoma da tireoide usando 131 I pode efetivamente aliviar os sinais clínicos e reduzir a carga da doença em uma proporção de cães. Um estudo realizado em 2022 mostrou que a melhora dos sinais clínicos foi observada em 76,2% dos cães (32/42) e que a taxa de resposta geral foi de 35,3% (quatro respostas completas e oito parciais).

Terapia com iodo radioativo

Se o tumor absorver bem o iodo, a terapia com iodo radioativo é uma opção de tratamento interessante. O iodo radioativo é administrado ao cão e acumula-se no tecido tiroidiano. Aqui, irradia localmente o tecido tiroidiano, incluindo o tumor. Dependendo da quantidade de tecido tiroidiano destruído, pode ser necessário suplementar as hormonas tiroidianas após o tratamento. A vantagem dessa opção de tratamento versus raditerapia é que através do iodo radioativo tanto as metástases do tumor da tiróide quanto o próprio tumor da tiróide podem ser tratadas com muita precisão, pelo menos se ambos absorverem iodo. Além disso, se necessário, o tratamento pode ser repetido sem muitos efeitos secundários.

Quimioterapia

A quimioterapia pode ser considerada para cães com tumores de grandes dimensões não ressecáveis ​​ou muitas metástases, embora os resultados da quimioterapia não sejam tão bons quanto os dos tratamentos supramencionados. Em alguns cães com este tipo de tumor, foram obtidos bons resultados (sobrevida de até um ano), mas neste ponto não está claro que animais beneficiam com isso.

Terapia directionada

Além disso, foi descrito o uso off-label de toceranib, um inibidor da tirosina quinase.

No geral, o prognóstico é muito bom após a cirurgia (3 anos se o tumor não estiver aderido (não aderido ao tecido circundante), 6-12 meses quando se encontra espalhado nos tecidos circundantes). Bons resultados para terapia com radiação e iodo radioativo foram também obtidos.

Para cães nos quais o tumor da tireoide não pôde ser removido cirurgicamente e, portanto, receberam radioterapia, 80% ainda estavam vivos após 1 ano e 72% após 2 anos. A duração média de sobrevivência por radiação varia entre 24,5 meses a mais de 45 meses.

De acordo com um estudo com 43 cães, o tempo médio de sobrevida após a terapia com iodo radioativo foi de 30 (quando limitado à terapia com iodo radioativo) a 34 (quando a terapia com iodo radioativo foi combinada com cirurgia) meses. Em outro estudo com 39 cães, o tempo médio de sobrevida variou entre 12 meses (quando havia metástases) e 2,3 anos (quando não havia metástases).

A composição do tecido tumoral e o tamanho do tumor influenciam o prognóstico. Quanto maior o grau e o tamanho do tumor, pior é o prognóstico. Para tumores malignos com tamanho entre 21-100cm3, foram relatadas metástases em 74% dos casos, para tumores maiores que 100cm3 foi de 100%. Se for detectado precocemente e o tumor não estiver aderido aos tecidos circundantes, o prognóstico é bom.