Nas proximidades da cavidade oral, o tumor pode estar localizado na mandíbula superior e inferior, atrás do olho, na transição entre a cavidade oral e a garganta, nas amígdalas e na traqueia.

Na pele, também pode aparecer em vários locais: plano nasal, pálpebras, canais auditivos, pénis e parede vaginal. Eles também podem aparecer nas proximidades do leito ungueal.

Comportamento

A pele consiste em várias camadas de células, das quais a camada superior (o epitélio) em células denominadas de células escamosas. Estas células podem degenerar em células cancerígenas e, através da multiplicação excessiva, formar um tumor local, chamado carcinoma de células escamosas.

Estes tumores de pele podem aparecer em vários locais do corpo e comportar-se de forma mais agressiva na cavidade oral do que na pele. De forma geral, eles crescem sobretudo localmente e têm uma baixa tendência a metastizar.

Prevalência

Os carcinomas de células escamosas (CEC) afetam principalmente cães mais velhos de raças maiores. É o tumor maligno mais prevalente da epiderme e o segundo mais prevalente da cavidade oral. Especialmente nos locais de pelo claro e fino da pele, estes são sensíveis ao desenvolvimento de SCC, provavelmente devido à radiação ultravioleta. Em cães com tumores subungueais, tumores semelhantes podem se desenvolver em outros dígitos em 2 ou 3 anos após o diagnóstico inicial, mas o risco de recorrência local ou disseminação metastática é extremamente baixo.

A idade média em que este tipo de tumor aparece é de 10-11anos em cães com tumores no plano nasal e uma média de 8-10anos para cães com tumores na cavidade oral.

Os carcinomas espinocelulares originários do leito ungueal são as neoplasias digitais mais prevalentes em cães, representando entre 36-50% de todas as neoplasias digitais em cães. Ocorrem principalmente em cães de raças médias e grandes com pelagem preta ou predominantemente preta, com idade média e mediana de 10 anos no momento do primeiro diagnóstico.

Predisposição racial

Este tipo de tumor aparece com mais frequência no plano nasal das seguintes raças: Labrador, Golden retriever, Blood hound, Basset, Poodle e especialmente cães ed raças maiores.

Cães pretos moderadamente grandes ou pretos e castanhos têm um aumento acentuado na prevalência de carcinomas de células escamosas subungueais. Esse tipo de tumor aparece com mais frequência no leito ungueal ou próximo a ele nas seguintes raças: schnauzers gigantes, schnauzers padrão, poodles pretos padrão, Rottweilers, Gordon setters, briards e Kerry blue terriers. A prevalência em schnauzers gigantes tem sido consistentemente maior do que em qualquer outra raça.

Sintomas

O desenvolvimento dos carcinomas de células escamosas invasivo (SCC) da pele estende-se por uma linha temporal relativamente grande (meses a anos) e segue sobretudo os seguintes estadios durante seu desenvolvimento (que talvez nem todos sejam notados pelo proprietário):

• Estadio 1: vermelhidão e crostas
• Estadio 2: erosão superficial e ulceração
• Estadioo 3: lesões profundamente invasivas e erodidas

Se o tumor estiver localizado na cavidade oral, podem aparecer os seguintes sintomas: aumento da salivação, inchaço facial, sangramento na boca, perda de peso, mau hálito, dificuldade em engolir, dor ao abrir a boca. A existência de dentes soltos pode ser uma indicação de que o tumor afetou a mandíbula.

Aparência: muito variado (papilar, cratera - cogumelo). Na cavidade oral, a aparência pode variar entre uma elevação avermelhada, um inchaço tipo couve-flor ou ulcerado. Para SCC orais, em mais de 70% dos cães o osso subjacente é afetado.

Os sinais clínicos do carcinoma espinocelular digital incluem principalmente edema digital e claudicação, com potencial perda da unha do dedo afetado. Para SCC digital, em mais de 90% dos cães, o osso subjacente foi afetado. O SCC digital pode ser difícil de diagnosticar porque sua apresentação pode mimetizar outras condições, como infecções, cistos e outros tipos de tumor. Em um estudo, a duração dos sintomas > 90 dias foi significativamente associada a maior risco de progressão tumoral. O atraso diagnóstico é comum porque os sinais clínicos são inicialmente leves e podem ser desconsiderados a princípio.

Metástases:

• a variante dermatologica: parece aparecer muito pouco
• o plano nasal: metástase principalmente para os linfonodos locais
• A forma oral localizada na parte cranial da cavidade oral: as metástases ocorrem em menos de 10% dos casos para os linfonodos locais e para os pulmões em 3-36% dos cães
• A forma oral das amígdalas e da base da língua: o tumor metastatiza mais facilmente (até 73% dos cães). DE momento, pouca informação está disponível.
• Para cães pretos grandes (ou predominantemente pretos) com carcinoma subungueal de células escamosas, há um risco substancial de que o cão desenvolva tumores semelhantes em outros dedos em 2 ou 3 anos após o diagnóstico inicial, mas o risco de recorrência local ou disseminação metastática é extremamente baixo.

Histopatologia

As amostras podem ser obtidas de várias formas.

Uma biópsia por agulha fina (aspiração) que é esfregada numa lâmina de microscópio, colorida posteriormente e examinada ao microscópio. Muitas vezes, isto é suficiente para indicar que a massa é um tumor maligno da pele. No entanto, quando é necessário saber a que profundidade o tumor atinge a pele (muito superficial ou profundamente infiltrado), pedaços de tecido são retirados por meio de um pequeno procedimento cirúrgico (uma biópsia de tecido ou biópsia por punção).

Se a massa ocorrer no plano nasal ou na cavidade oral, uma sedação geral de curta duração é necessária (porque o plano nasal é muito sensível e o cão pode morder como reflexo quando se tenta retirar tecido sólido do cavidade oral). Para SCC digital, uma biópsia em cada anormalidade digital que não responde ao tratamento inicial deve ser realizada para evitar atrasos no diagnóstico e tratamento subsequente.

Os linfonodos raramente estão envolvidos, a menos que se trate de um estadio avançado. Uma raspagem/impressão direta da massa numa lâmina de microscópio pode -após a coloração da lâmina- às vezes mostrar células cancerígenas, mas geralmente só se vê células inflamatórias. Portanto, é improvável que esse método forneça uma boa representação do que está realmente a acontecer.

Imagiologia

A tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética pode fornecer informações sobre a profundidade do tumor, que é necessário para estimar se a ressecção cirúrgica é possível. Além disso, estas formas de diagnóstico podem mostrar os linfonodos regionais, permitindo uma inspeção para possíveis metástases. O tórax também pode ser examinado com muito mais precisão por meio deste método para identificar potenciais pequenas metástases que ainda não são visíveis numa radiografia (foto röntgen). Para SCC digital, radiografias devem ser obtidas, pois o envolvimento ósseo ocorreu em > 90% dos cães e ajuda a orientar a extensão da cirurgia.

Uma foto röntgen do tórax, na maioria dos casos, não mostrará nenhuma metástase, pois esse tipo de tumor tem uma baixa propensão para metástases.

Como medida preventiva, pode-se tentar evitar a exposição solar, embora isto geralmente não seja viável em cães. A inspeção regular da cavidade oral do cão pode levar a uma detecção precoce, e portanto, opções de tratamento menos invasivas. Dependendo da profundidade do tumor, o tratamento será diferente. Mais opções de tratamento estão disponíveis para a forma superficial do que para a forma invasiva..

Forma superficial

Esta forma pode, quando margens intactas podem ser obtidas, ser tratada adequadamente com excisão cirúrgica. Outras opções consistem em congelamento local, lasers, terapia de luz (terapia fotodinâmica), radiação, possivelmente combinada com a injeção de quimio no tumor e citorredução (excisão do tecido tumoral sem tirar margens). A desvantagem dessas técnicas alternativas é que não é possível verificar se todo o tumor foi removido ou tratado. Cuidado, nem todas as espécies são iguais: a radiação deste tipo de tumor no plano nasal tem melhores resultados em gatos do que em cães.

Forma invasiva

A cirurgia é a opção de tratamento preferível. A excisão cirúrgica ampla geralmente leva ao controlo a longo prazo do tumor devido à baixa percentagem de metastização.

A radioterapia - ao contrário dos gatos - não parece ser muito eficaz para o tratamento de SCC da pele e do nariz em cães, embora possa ser usada em combinação com a cirurgia se o tumor não for completamente removido ou se a remoção completa não for possível possível. No entanto, bons resultados foram obtidos com a radiação na cavidade oral (31% dos cães apresentaram recorrência local do tumor após a radiação). A quimioterapia é aplicada cada vez mais e é indicada principalmente em caso de massa tumoral elaborada ou quando foram identificadas metástases.

Saúde mental

A saúde mental do cão é um fator que não deve ser subestimado: às vezes a aparência/face do seu animal de estimação pode mudar muito após a remoção cirúrgica de um (grande) tumor. Isto não incomoda o próprio animal, no entanto, pode alarmar os donos ou transeuntes e/ou levantar questões. Oferecer atenção e amor contínuos pode reduzir a sensação de dor em humanos e animais. É importante evitar o tédio, a fadiga e o isolamento do seu cão, uma vez que isto diminui o limiar de dor. Uma rotina e ambiente regulares, sono/descanso suficiente, enriquecimento ambiental, companhia, simpatia e evitar ambientes desagradáveis ​​podem diminuir consideravelmente os inconvenientes associados ao cancro.

O prognóstico depende da localização e do tamanho do tumor, bem como do tratamento escolhido.

Plano nasal

• Quando um tumor, não invasivo, no plano nasal é detectado precocemente, o prognóstico é bom.
• Em um estadio tardio do tumor, a cura pode ser obtida através da cirurgia agressiva. Quando toda a massa é removida de uma vez, a recidiva após a cirurgia é incomum. No entanto, quando a massa não é completamente removida, pode ocorrer a recidiva. Quando a cirurgia não é uma opção, a radiação e a quimioterapia podem ser implantadas com o objetivo de retardar o crescimento do tumor tanto quanto possível. Respostas positivas foram obtidas com toceranib, um inibidor de tirosina quinase.

Cavidade oral

• Um tumor na parte cranial da cavidade oral tem menores probabilidades de metastização em comparação com um tumor na parte caudal da cavidade oral ou nas amígdalas. Na maioria dos casos, são obtidos bons resultados através da cirurgia e, após um ano, ainda 57-91% desses cães estão vivos (os números variam entre os estudos). A radioterapia também fornece uma boa resposta para a forma oral, com mais de 70% dos cães ainda vivos após um ano. Os melhores resultados são obtidos com cirurgia e/ou radioterapia. Após a radioterapia, as recidivas foram relatadas em 31% dos casos e o tempo médio de sobrevida apenas para a radioterapia é de 15 a 16 meses e aumenta para até 34 meses quando combinado com a cirurgia. O prognóstico é em geral de bom a muito bom.
• Os fatores de bom prognóstico para o CEC da cavidade oral são: localização na frente da cavidade oral, idade jovem, detecção precoce, localização na mandíbula superior

Subungeal

• De acordo com os estudos publicados, os cães submetidos à amputação digital terão taxas de sobrevivência de 1 e 2 anos de 81-95% e 60-74%, respectivamente.