O ânus tem ao seu redor várias glândulas. As glândulas perianais (peri=ao redor) estão localizadas na derme não apenas ao redor do ânus, mas também no prepúcio, cauda, ​​coxas e tronco. Essas glândulas são consideradas glândulas sebáceas.

Comportamento

Forma benigna

O desenvolvimento e posterior crescimento de tumores benignos (adenomas) que surgem dessas glândulas parecem estar ligados à presença de hormonas sexuais (o crescimento é estimulado pelas hormonas masculinas e suprimido pelas femininas). Estes tumores são encontrados regularmente em conjunto com certos tumores testiculares (tumor de células de Leydig). Os adenomas perianais só aparecem em cadelas quando o útero e os ovários foram removidos, embora isso seja possível em casos excepcionais pela produção excessiva de testosterona pelas glândulas supra-renais. Os adenomas perianais crescem lentamente. E podem-se tornar muito extensos localmente, mas não dão origem a metástases.

Forma maligna

Estes tumores aparecem em machos e fêmeas castrados e intactos. No entanto, é possível que as hormonas tenham desempenhado um papel na transformação dessa glândula em um tumor. Esses tumores tendem a crescer mais rápido do que a forma benigna, sendo menos soltos e mais firmes. Os adenocarcinomas perianais raramente metalizam (cerca de 15% dos casos). Os locais mais frequentes de ocorrência de metástases são os linfonodos locais, raramente os pulmões, o fígado, os rins e os ossos.

Prevalência

A forma benigna (adenoma) ocorre relativamente com frequência (mais de 50% dos tumores em volta do anus), em animais com uma idade média de 10 anos, enquanto a forma maligna (adenocarcinoma) aparece com menos frequência (entre 3-21% dos tumores ao redor do ânus) em animais com uma idade média de 11 anos.

Predisposição racial

A forma benigna ocorre mais em Beagles, Bulldogs, Cocker Spaniels e Samoyeeds, enquanto a forma maligna afeta principalmente os machos de raças grandes.

Sintomas

• Forma benigna: massas de crescimento lento (durante meses a anos) que não são dolorosas e geralmente não estão associadas a anomalias. Também podem ocorrer no prepúcio, escroto ou cauda. Estas massas de tecido podem ulcerar e infectar, mas raramente estão realmente aderidas às estruturas subjacentes. Geralmente são bem delineados (média de 0,5 a 3 cm de diâmetro) e elevados.
• Forma maligna: esta forma assemelha-se à benigna, mas cresce mais rápido, é mais firme, ulcera, fixa-se aos tecidos subjacentes, reincide quando as margens são muito pequenas durante a cirurgia e geralmente são maiores que a forma benigna. Para grandes massas, as probabilidades são maiores, o que leva à obstrução e dificuldades para defecar, dor ou irritação em volta do ânus. Embora raramente seja o caso, é possível que os linfonodos que contêm metástases aumentem tanto de tamanho, que podem causar pressão nos intestinos e complicar gravemente a passagem das fezes.

Exame físico

Um exame retal cuidadoso deve ser realizado em todos os cães com tumores perianais. Este procedimento permite ao veterinário estimar os perímetros do tumor, a capacidade de o tumor ser extirpado ou não e quais podem ser os riscos de complicações após a cirurgia. Durante um exame retal, também é possível palpar os desvios para os linfonodos locais abaixo das vértebras (são difíceis de ver por ecografia porque estão localizados profundamente na pelve).

Imagiologia

Ao fazer radiografias de diferentes ângulos dos pulmões, é possível detectar metástases pulmonares (se forem grandes o suficiente), embora as metástases para os pulmões sejam raras neste tipo de tumor. Os raios X também podem indicar se há um aumento dos linfonodos na pelve, embora os linfonodos possam ser melhor examinados por meio de ecografia.

Citologia

A aspiração de células com uma agulha pode ser útil principalmente para fazer a distinção entre outros tipos de tumor/razões para massas. Uma amostra de tecido é necessária para fazer um diagnóstico (típico da forma maligna é a sua penetração em tecido saudável, que pode ser examinado com uma amostra de tecido).

Forma benigna (adenomas perianais)

Como os adenomas perianais são sensíveis às hormonas, a maioria destes tumores irá desaparecer (pelo menos parcialmente) após a castração. Quando poucas massas delineadas ou massas de grandes dimensões benignas estão presentes no esfíncter anal, o médico veterinário pode primeiramente castrar o cão e, em seguida, fazer o acompanhamento durante alguns meses para verificar se a massa diminui de tamanho para que possa então remove-la com mais segurança e facilidade. A castração só será eficiente para massas benignas que são sensíveis às hormonas. Até 90% dos cães machos serão curados por castração e remoção da massa. Os adenomas podem ser removidos com margens limitadas. A remoção cirúrgica é recomendada para cães machos nos quais o tumor está ulcerado ou é uma recidiva. A cirurgia (castração e remoção da massa) é o tratamento de escolha.

Forma maligna (adenocarcinomas perianais)

A forma maligna geralmente não responde à castração. Para este tipo de tumor, a massa deve ser removida com margens suficientes. Felizmente, até cerca de metade do esfíncter anal é passível de ser removido sem que o animal fique com incontinência fecal (=incapaz de controlar quando ele defeca).

Quando a massa reaparece, a excisão cirúrgica será mais difícil e o cão pode exigir várias remoções paliativas ao longo dos anos. Margens insuficientes obtidas durante a primeira operação são a principal causa da recorrência.

A radioterapia após a cirurgia também pode ajudar a controlar a recorrência local.

Para a forma benigna, uma cura completa só pode ser obtida quando o tumor é removido cirurgicamente e o cão castrado. Uma cura completa também é possível para a forma maligna se margens suficientes forem obtidas durante a primeira cirurgia.